Em nosso post do instagram, falamos um pouco sobre os morcegos e sua importância ecológica, e neste, iremos abordar sobre a raiva, os morcegos e o que fazer caso encontre um.
Antes de tudo, é importante entender um pouco sobre a raiva e suas formas de transmissão para então entendermos o papel dos morcegos nisso tudo.

A raiva é uma doença aguda que afeta o sistema nervoso central, causada por um vírus do gênero Lyssavirus da família Rhabdoviridae e sua letalidade é de praticamente 100%, e ainda não tem cura. Pode ser adquirida por todos os animais de sangue quente e possui 4 ciclos de transmissão: ciclo aéreo – transmitida entre morcegos -, ciclo silvestre – transmitida entre animais silvestres -, ciclo urbano – em que gatos e cachorros são reservatórios – e ciclo rural – contemplando bovinos, caprinos, suínos, etc.

Em muitas cidades, o ciclo urbano foi erradicado, mas o ciclo aéreo e silvestre permanece pois há uma constante expansão urbana, modificações e intervenções ambientais.
A transmissão se dá por mordidas, lambedura, arranhadura ou contato com feridas, sendo o vírus eliminado pela saliva do infectado. Algumas pessoas podem pensar que apenas os morcegos hematófagos (aqueles que se alimentam de sangue) transmitem a raiva, porém, os não hematófagos não só podem transmitir como são a maioria dos casos, já que apenas 3 espécies de morcegos no mundo são hematófagos, enquanto que aproximadamente 1000 espécies se alimentam de frutos, néctar, insetos, etc.
Morcegos com sintomas de raiva geralmente são expulsos da colônia, mas podem haver brigas e contaminar outros. Quando contaminados, apresentam comportamentos fora do comum, como perseguir outros morcegos, se chocar contra pessoas, estruturas ou outros animais, voo prejudicado devido a paralisia e geralmente são encontrados em locais não habituais como no chão, pendurados em muros, em cortinas e janelas. Nessas situações, muitas vezes na intenção de ajudar ou simplesmente pela curiosidade, as pessoas colocam sua saúde em risco ao manusear morcegos sem os devidos cuidados. Por terem o hábito de se lamber e pelo vírus ser eliminado pela saliva, podendo ficar no corpo do animal, quando uma pessoa pega um morcego sem os equipamentos de proteção como máscara, luvas de raspa ou pinça, pode ter contato com o vírus por meio de algum machucado na pele, ser arranhado ou mordido.

Então, a orientação para quando se deparar com um morcego é não encostar e nem deixar outros animais terem contato, se for o caso, colocar uma caixa de papelão ou balde por cima e acionar entidades competentes como o Centro de Controle de Zoonoses para recolhimento do animal. Em caso de contato ou acidentes envolvendo morcegos, lave a área com água corrente e sabão e procure ajuda médica imediatamente. Mesmo não havendo cura para a raiva, medidas preventivas podem ser tomadas, como a vacinação de animais domésticos e de produção, vacinação de profissionais que trabalham com animais ou com situações em que há risco de contaminação, educação ambiental sobre os riscos envolvendo a raiva e realização do protocolo pós exposição daqueles que foram expostos. Ficou com alguma dúvida? Fale nos comentários! E não deixe de ler o nosso post do Instagram sobre a importância dos morcegos, hein!?
Autora: Anna Luisa Michetti Alves
Referências:
Vilela, Daniel & Teixeira, Camila & Horta, Carolina & Loura, Gabriela & Silva, Matheus. (2016). Gestão de conflitos com animais silvestre em centros urbanos.
Da Luz, Clomar, Fiuza, Vanessa e colaboradores. Raiva: Noções básicas e manual de observação domiciliar de animais agressores.