É comum que pessoas que gostem muito de animais cresçam ouvindo frases de caráter negativo do tipo “Você é louco (a)!”, “Como você consegue encostar nisso?”, “Você não tem medo?”. Principalmente quando não existem pessoas próximas da área ambiental na família, muitos parentes se questionam: De onde surgiu isso?

Bom, existe uma explicação científica e evolucionista para pessoas que nascem amantes da natureza e dos animais. A Biofilia, que significa amor pela vida (bio=vida; philia=afeição, amor), é um termo que foi popularizado pelo biólogo Edward O. Wilson em 1984, quando lançou um livro chamado “Biophilia”. Wilson defende em seu livro que a ligação emocional que nós temos com a natureza e outros seres vivos é uma característica hereditária, ou seja, que está em nossos genes, e foi transmitida ao longo dos processos evolutivos, pois representava sobrevivência.
Apesar da teoria de Wilson, a biofilia como característica herdada não é cientificamente comprovada. Hoje em dia, acredita-se que, se é uma tendência genética, ela é fraca e o ambiente em que nós estamos inseridos é o que realmente molda a forma como interagimos com a natureza e nos sentimos em relação a ela.
O contexto pessoal, social e cultural que envolve cada um de nós impacta diretamente na relação que temos com a natureza. Então, mesmo que a biofilia seja hereditária, a necessidade de reforçar as conexões com a natureza é fundamental.
É importante incentivar a formação de um caráter biofílico, principalmente em crianças. Acredita-se que o contato com a natureza seja capaz de influenciar crianças a desenvolverem atitudes biofílicas (afeição) ou biofóbicas (medo) o que, consequentemente, afeta suas atitudes perante a conservação.

Dessa forma, teríamos mais crianças dispostas a cuidar e conservar a natureza e dispersando atitudes biofílicas em relação à vida selvagem. Quem sabe até mesmo possíveis cientistas no futuro.
Autora: Cristianne Albergaria
Referências:
KRČMÁŘOVÁ, Jana. EO Wilson’s concept of biophilia and the environmental movement in the USA. Klaudyán: Internet J Histor Geogr Environ History, v. 6, n. 1/2, p. 4-17, 2009.
SIMAIKA, John P.; SAMWAYS, Michael J. Biophilia as a universal ethic for conserving biodiversity. Conservation Biology, v. 24, n. 3, p. 903-906, 2010.
ZHANG, Weizhe; GOODALE, Eben; CHEN, Jin. How contact with nature affects children’s biophilia, biophobia and conservation attitude in China. Biological Conservation, v. 177, p. 109-116, 2014.