Os desafios de manter uma dieta nutricional balanceada para os primatas

Uma dieta adequada é fundamental para o bem estar dos primatas. Sabendo disso, o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Belo Horizonte (CETAS – BH) busca proporcionar uma alimentação balanceada, rica em nutrientes e que se assemelha com os alimentos que o animal encontra em sua vida livre. O estado nutricional desses animais influencia em sua reprodução, crescimento e aumentam sua expectativa de vida. Porém, a necessidade de determinados nutrientes varia de acordo com a idade que o indivíduo, com a espécie e com alguns fatores ambientais, como o estresse.

Consequências de uma nutrição incorreta

Na ausência de uma alimentação balanceada, os primatas enfrentam alguns desafios quanto à manutenção de uma boa saúde. Por isso, durante sua passagem pelo CETAS, esses animais recebem uma alimentação variada com ração específica, frutas e folhas para que suas necessidades nutricionais sejam supridas.

        Foto: Siddharth Hetfield

Para manter uma quantidade de gordura adequada, o animal deve se alimentar de 3 a 5% de gordura. O excesso de gordura na dieta pode prejudicar o metabolismo de cálcio, ferro e vitamina E. A falta ou o excesso de vitaminas também pode interferir em diversos aspectos do metabolismo dos primatas. Como exemplo, a falta da vitamina B1 (tiamina), frequente em animais pequenos, causa insuficiência cardíaca, perda de massa muscular e de gordura. Uma quantidade inadequada da vitamina B12 (cianocobalamina) á longo prazo provoca depressão e degeneração neural. Ademais, o nível adequado de proteína para os primatas varia de 15 a 25% de toda sua dieta e a falta desse nutriente pode implicar em perda de peso e diminuição da resistência à doenças infecciosas.

 Cuidados especiais nas diferentes fases de vida

Outro ponto importante para a boa nutrição dos primatas é a adequação da dieta em função das diferentes fases de vida do animal: filhote, jovem, adulto e idoso. No CETAS nos atemos aos requerimentos de cada fase para que o animal possa conquistar a vida livre com saúde e rapidez. Oferecemos aos filhotes leite sem lactose batido com banana, proporcionando uma dieta rica em cálcio que previne a calcificação inadequada dos ossos (agravado pelo raquitismo). Ainda na fase jovem do animal, a deficiência de vitamina B2 (riboflavina) pode levar ao atraso no crescimento, anemia, dermatite, atrofia testicular e a falta de coordenação motora.

Para que isso seja minimizado, adotamos uma dieta diversificada com folhas de amora, ovo, banana, manga, melancia e ração, de acordo com os hábitos alimentares de cada espécie. Os primatas mais idosos precisam de uma dieta menos calórica para evitar a obesidade visto que há uma diminuição no seu requerimento nutricional, por isso damos prioridade a uma alimentação baseada em ração e em frutas pouco gordurosas como melancia.

Fonte: FreePick
Fonte: Diana Rebman

Portanto, fica claro como os primatas necessitam de cuidados para que sua nutrição seja feita de maneira correta, evitando os efeitos negativos derivados de uma má alimentação. Por isso, os CETAS está sempre preocupado com a diversidade de alimentos oferecidos a esses animais, para que estejam prontos para conquistar a vida livre com saúde.

Autora: Laura Guimarães Fortini

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, Márcia Cristina Ribeiro. Criação e manejo de primatas não‐humanos. Animais de Laboratório: criação e experimentação, v. 1, 2002.

PESSOA, Alexandre. Doenças nutricionais em primatas. Saúde animal. Disponível em <http://www.saudeanimal.com.br/2015/12/28/doencas-nutricionais-em-primatas/>. Acesso em 24 de março de 2020.

TAVEIRA, Ursula; DE MATOS, Marize Bastos. Manejo alimentar de primatas em cativeiro. Nutritime,  art. 107, v. 7, n. 2, p.1175-1179, 2010.