O TRÁFICO DE PRIMATAS NO BRASIL
Você já parou para pensar na crueldade e condições em que os animais traficados são submetidos e que muitos deles morrem antes mesmo de chegar nas mãos do comprador?
O tráfico de animais silvestres no Brasil, segundo dados do IBAMA, provoca a retirada anual de aproximadamente 38 milhões de exemplares das florestas e matas. O alto índice de retirada dos animais de seu habitat coloca em risco de extinção um número cada vez maior de animais, além de contribuir com a exploração econômica de florestas. Os animais capturados no Brasil, em sua maioria, são comercializados no próprio território brasileiro, sendo que as regiões mais afetadas são o Norte, Nordeste e Centro-Oeste.Os primatas são visados pelas pessoas como pet por serem muito inteligentes e por sua grande semelhança com os seres humanos. Por serem animais não convencionais para se ter em casa, acabam sendo, também, um objeto de ostentação.
Doenças
Os primatas podem transmitir vários patógenos causadores de zoonoses e quando são criados em domicílio as chances de contaminação são ainda maiores devido a proximidade com o animal. Protozoários, ou seja, microorganismos, como por exemplo o Toxoplasma gondii, Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, helmintos, filarídeos, estrongilídeos e ancilostomídeos, que eliminam formas contaminantes através das fezes do hospedeiro são alguns dos agentes zoonóticos que primatas não humanos podem transmitir.
Outros grupos de agentes etiológicos, como os vírus, também são responsáveis por enfermidades zoonóticas, algumas graves e perigosas, como é o caso da raiva e das hepatites virais. As hepatites virais dos tipos A e E podem ser transmitidas ao homem pelos primatas não humanos principalmente por via fecal-oral; portanto, animais portadores do vírus podem, em domicílio, contaminar o ambiente, os alimentos e, consequentemente, as pessoas.
Existem doenças que não são perigosas para macacos, mas para seres humanos podem ser mortais. Um exemplo é o vírus herpes B, presente nas populações de macacos, que nos causa uma doença neurológica fatal. Quando esses animais são comprados de forma ilegal não tem atendimento veterinário e não são vacinados.
Os animais silvestres não nasceram para viver em gaiolas nem em casas pequenas, mas sim para serem livres. A nossa biodiversidade está sendo ameaçada pela ganância humana, não podemos aceitar e nem fomentar esse tipo de crueldade.
Autora: Luísa Lithg
Referências
https://ibiti.com/pt/2017/01/02/conheca-o-projeto-asas-e-a-preservacao-do-muriqui-do-norte/
Programa de Preservação do Muriqui-do-Norte.
Souza Junior JC. Perfil sanitário de bugios ruivos, Alouatta guariba clamitans (Cabrera, 1940) (Primates: Atelidae): um estudo com animais recepcionados e mantidos em perímetro urbano no município de Indaial, Santa Catarina – Brasil [dissertação]. Florianopólis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública; 2007
Diniz LSM. Primatas em cativeiro: manejo e problemas veterinários. São Paulo: ícone; 1997. 196 p.
