Resumo da atuação
O projeto Bicudos iniciou em 2016 com apoio da Fundação Grupo Boticário, com estudos genéticos e sanitários em populações da espécie Sporophila maximilliani em cativeiro, bem como a busca por indivíduos selvagens e a avaliação de possíveis locais para a reintrodução da espécie. Em 2020 e 2021 foram descobertas populações selvagens em Minas Gerais, que desde então têm sido monitoradas com recursos próprios da instituição.
Em 2023, com apoio da Fundação Renova, foi iniciada uma nova fase do projeto. De forma complementar ao trabalho até então desenvolvido, o Bicudos tem o objetivo de executar um programa de revigoramento populacional ou reintrodução da espécie Sporophila maximilliani, criticamente ameaçada no país, em áreas da bacia do Rio Doce.
Além das atividades com os bicudos, por se tratar de uma espécie criticamente ameaçada e muito visada pelo tráfico de animais silvestres, o projeto contará com a criação de um programa de educação ambiental, a ser realizado com as comunidades do entorno da área de soltura.
Contexto
O bicudo (Sporophila maximiliani) é um pássaro da família Thraupidae encontrado na região neotropical e conhecido por sua voz melodiosa. Sua vocalização complexa associada à raridade na natureza faz com que seja bastante visado pelo tráfico. A retirada de indivíduos da natureza para criação em cativeiro ao longo dos anos repercutiu em um declínio populacional grande. Isso, associado às ameaças ao habitat, fez com que o bicudo se tornasse ameaçado de extinção globalmente (“em perigo”, na classificação da IUCN). No Brasil, a espécie é considerada criticamente ameaçada, aparecendo na lista de ameaça de cinco estados: Pará (CR), Espírito Santo (RE), Minas Gerais (CR), Rio de Janeiro (possivelmente extinta) e São Paulo (ameaçada). São escassos os registros da espécie na natureza nos últimos 20 anos, inclusive em coleções científicas. Apesar da recente descoberta e monitoramento de populações selvagens em Minas Gerais, a espécie ainda se encontra em uma situação instável, em áreas desprotegidas. Além disso, poucos indivíduos habitam os locais, tornando a existência da espécie no futuro improvável. Isso se deve tanto a processos que diminuem a diversidade genética, em decorrência do cruzamento entre indivíduos aparentados, quanto à menor probabilidade de sobrevivência a catástrofes naturais. Dessa forma, a reintrodução/revigoramento populacional é uma maneira de tentar conservar a espécie, já que existem cerca de 175 mil espécimes em cativeiros. O projeto visa identificar uma área adequada na bacia do Rio Doce para reintroduzir os bicudos, além de selecionar indivíduos criados em cativeiro que estejam em conformidade com protocolos sanitários e genéticos baseados nas características dos indivíduos selvagens.
Data de início
Novembro de 2023
Meio de financiamento
Projeto aprovado pela Fundação Renova até 2027
Metas
- Definir áreas de soltura para os espécimes de S. maximiliani ao longo da Bacia do Rio Doce;
- Avaliar possíveis impactos nas áreas de soltura selecionadas;
- Selecionar indivíduos aptos em criadores de bicudos em MG, com base em um protocolo de atributos morfológicos, sanitários e genéticos para selecionar espécimes de S. maximiliani para soltura;
- Selecionar, reabilitar e realizar três solturas de bicudos nas áreas selecionadas para o programa de reintrodução ou revigoramento populacional;
- Selecionar semestralmente 24 indivíduos de S. maximiliani que participarão do programa de reabilitação;
- Soltar, semestralmente, no mínimo seis casais de bicudos, que irão participar da reintrodução ou revigoramento populacional da espécie na Bacia do Rio Doce;
- Avaliar a reintrodução ou revigoramento populacional realizado e desenvolver protocolo com técnicas de reabilitação, soltura e monitoramento para reintrodução ou revigoramento populacional de bicudos S. maximiliani oriundos de cativeiro;
- Criar e implementar um programa de Educação Ambiental participativo com as comunidades do entorno das áreas de soltura, a fim de sensibilizar as populações sobre a conservação da biodiversidade;
- Realizar a divulgação científica do projeto para a comunidade, por meio de plataformas digitais.
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Histórico do projeto
- 1ª etapa (aprovada e financiada pela Fundação Grupo Boticário): buscas por indivíduos de bicudos no norte de Minas Gerais e no Parque Estadual do Rio Doce; estudos genéticos e sanitários em indivíduos de cativeiro e de coleções de museus.
- 2ª etapa (custeada pelo Waita até 2022): encontro da primeira população de bicudos com apoio de um morador parceiro em uma área ao leste de Minas Gerais na região do Rio Doce, no entorno do PERD; início do monitoramento e estudo da população.
- Encontro da segunda população de bicudos em novembro de 2021, com apoio de um parceiro que atua no PERD.
- Continuação da 2ª etapa (aprovada e financiada pela plataforma Semente): monitoramento e estudo genético das duas populações selvagens de bicudos.
- 3ª etapa (aprovada e financiada pela Fundação Renova): projeto de 4 anos de duração com o objetivo de reintrodução/revigoramento populacional da espécie S. maximiliani na região do Rio Doce, incluindo o estudo da área brejosa das duas populações já monitoradas, seleção de áreas de soltura e indivíduos de bicudos de cativeiro para reabilitação, soltura e monitoramento nas áreas selecionadas e um programa de Educação Ambiental com ações nas comunidades de entorno.